Depois de dois meses de queda, o varejo brasileiro finalmente reverteu o cenário em março, fechando o primeiro trimestre deste ano com crescimento de 6,6% em relação ao mesmo período de 2011. Em janeiro e fevereiro, o setor havia registrado retração de 2% e 0,2%, respectivamente, diante da elevação de 1% no último mês, segundo o Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio. O resultado, porém, não impediu que o comércio varejista mantivesse a trajetória de desaceleração iniciada no segundo semestre do ano passado. "Nos três primeiros meses de 2011, o crescimento foi de 8,5%. De outubro a dezembro fechou em 6,9% e agora está em 6,6%", afirma o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi.
Entre os fatores que justificam o resultado, está o índice de inadimplência, ainda em patamares elevados. "Além de encarecer e restringir o crédito, as pessoas estão priorizando a quitação dos débitos", avalia Rabi. Com emprego e renda garantidos, a expectativa é de que o volume de maus pagadores caia com mais velocidade, garantindo o fôlego necessário para a consolidação do cenário iniciado em março.
Rabi espera que a política de corte da taxa de juros, iniciada em agosto, comece agora a surtir os efeitos esperados de barateamento do crédito. "Os números de março podem ser o primeiro sinal de reação aos estímulos anunciados pelo governo, mas para que se confirme, é preciso que a expansão se repita nos próximos dois a três meses." É na segunda metade do ano que Rabi acredita em uma recuperação mais efetiva. "O segundo trimestre parece que será melhor que o primeiro. Mas é no segundo semestre que a política monetária e os pacotes divulgados pelo governo terão efeitos mais visíveis", diz.
Entre os setores beneficiados pela extensão do corte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o moveleiro - juntamente com eletroeletrônicos e informática - cresceu 2,1% em março, sendo um dos principais responsáveis pelo resultado do mês. Veículos, motos e peças também contribuíram positivamente, com elevação de 2,4%. Somente o mercado de vendas de material de construção teve queda, de 0,2%.
Para a economista da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), Ana Paulo Bastos, tradicionalmente de janeiro e fevereiro registram queda nas vendas do varejo, que se recupera a partir daí. "O final das liquidações em março alavancam o comércio e a prorrogação do IPI vai continuar surtindo efeito", define.
Fonte: Paula Takahashi- Estado de Minas